quinta-feira, 15 de maio de 2014

Convém, aqui, fazer uma confissão. Mme. de la Calle deixou a vida na cidade. E veio viver para o campo. Mudança de ares, de vida e de mentalidade. Nova perspectiva sobre a vida.
Ao contrário do que se pensa na cidade, no campo há muita vida e muitas vidas (que no nosso linguajar que dizer, por exemplo, afazeres).
Será que Mme. de la Calle é agora provinciana? Será que Mme. de la Calle está desligada do mundo? Será que Mme. de la Calle já só pensa em couves?
Não, não e não. Mme. de la Calle tornou-se mais rural - muito rural - mas não provinciana. Prefere umas cómodas botas onde não entrem terra a uns sapatos de salto alto. A mente de Mme. de la Calle está e continua aberta ao mundo, às novidades. Precisa de internet para comunicar, como na cidade, de resto. Mme. de la Calle não ficou com cérebro de galinha, embora tenha aprendido a depená-las. E, sim, pensa em couves, mas também pensa na água que a rega e que tanta falta faz a todas as espécies que habitam a Terra. Pensa que se a vizinha lhe der uns ovos, Mme. de la Calle poderá oferecer à vizinha uma couve. Grande, já, ou várias ainda pequenas para plantar.
Mme. de la Calle aprendeu a ver as coisas com outros olhos. Aprendeu coisas novas e porventura muito mais importantes do que as que já havia aprendido na cidade.
Mme. de la Calle alterou as suas prioridades - que são as suas e de mais ninguém - que devem ser respeitadas, mesmo que não compreendidas. E ganhou o mais importante: a paz de espírito necessária para acordar todos os dias feliz.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Sempre que me vês, perguntas carinhosamente se estou bem. Não levo a mal, claro que não. Sabe-me até bem sentir que te preocupas como ninguém e sem que ninguém saiba. Sei-o. Mas, por bem, de tanto me quereres, fazes-me mal. Ao perguntares-me, sabendo que não estou, porque o vês - talvez só tu o pressintas - colocas o dedo na ferida. E a última coisa que quero é sentir que ela está aberta, que não sara, que dói.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Neu Auschwitz

Neu Auschwitz é como um país de conto de fadas mas ao contrário.  Ou então é a parte amaldiçoada do reino. 
Ainda em Narnia, Guidinha e Pedrinho gozavam de alguma benevolência do regente. Expulsos uma vez mais da sua aldeia, foram atirados para uma vala comum em Neu Auschwitz.  Naquela parte do Reino de Astratequia, todos se transformam em zombies ou trolls malcheirosos. O corregedor Pantufas zela pela transmutação. Qualquer expressão de alegria, bem estar ou entusiasmo é punida severamente. São como máquinas de viver.  Guidinha e Pedrinho terão que escapar a Neu Auschwitz no Reino de Astratequia antes que o seu brilho desapareça.

terça-feira, 15 de abril de 2014

REENCONTROS

Se há coisa que aquece a alma é rever amigos queridos, daqueles que vemos raramente. Olhamo-nos nos olhos, vemos que estamos bem, como se o tempo não tivesse passado. Apesar de às vezes ter passado já muito tempo desde que nos vimos pela última vez, quando nos revemos é como tivesse sido ontem – não em relação a saber todos os pormenores da vida um do outro, isso pomo-nos a par do essencial – mas percebemos que o carinho profundo que sentimos. E sem cerimónias, com a guarda em baixo, pomo-nos logo a conversar sobre as coisas mais banais que fizemos ontem. Sentimo-nos em casa. É bom poder contar uma banalidade, não ter que fazer esforço para ter uma conversa minimamente “inteligente”. É como se contando o que comi ao almoço, percebessem a minha toda nos últimos meses. E não será mesmo assim?

Foi assim este fim-de-semana. Com um Amigo emigrado nas Áfricas, com uma Amiga pronúncia andaluza, e com um Amigo dos Balcãs que regressa a Lisboa mais de dois anos depois. Já tinha chegado há uns dias, mas a oportunidade de nos encontrarmos ainda não tinha surgido. E o reencontro foi por casualidade, uma boa surpresa, na mesma praça onde nos tínhamos despedido há muitos meses. 

sábado, 12 de abril de 2014

Carta para O Amigo

Como se preenche o vazio que deixaste ao partir? Continuo a viver como estivesses ainda aqui. Chego a casa e quero contar-te o meu dia, perguntar-te como foi o teu. Não preciso de falar porque posso fazê-lo apenas através do pensamento. Mas às vezes gosto de fazê-lo em voz alta - como quem fala com as plantas – não sei se elas vão ouvir, ou sequer sentir a vibração da minha voz. Mesmo assim, às vezes falo com as plantas, assim como falo contigo.
Estou a reaprender a viver. Sozinho, outra vez sozinho, mas não da mesma maneira. Mais rico interiormente por aquilo que me ajudaste a construir, mas mais triste. Muito mais triste, porque a ausência é pesada. Quando adormeço e quando acordo penso em ti. Às vezes choro e outras vezes sorrio - um conflito de sentimentos – perdido/feliz - porque um dia foste meu.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Pessach, Πάσχα, Pesa, Ishtar

Páscoa, um momento de passagem, seja qual for o credo.
Um momento de passagem do Inverno para a Primavera, da morte para a vida. Um renascer, ressuscitar. O regresso à vida.
Mas antes da ‘passagem’ para o ‘ganho’, inevitavelmente está a 'perda'. Está o Inverno da vida.
Apesar da promessa deste ‘inverno’, desta perda, ser só um momento, de todo este dano estar seguido de um ‘renascimento’, há perdas das quais dificilmente se recupera mesmo sabendo que chegam seguidas de ‘uma promessa de primavera’.
A perda da crença nos outros, a perda de um ente querido, a perda de acreditar que estes momentos de ‘inverno’ são só uma passagem.
Hoje, mais do que em qualquer outro dia, tudo isto se me apresenta de forma muito pesada. A perda apresenta-se a tantos níveis e desenhada com contornos tão retorcidos, que apesar de tentar continuar a acreditar que é apenas um momento, só o vejo como ‘um tudo’. É toda uma vida.
Com uma vida ‘de passagem, a oportunidade de chegarmos à tal ‘primavera’ prometida é nos gorada logo à partida.
A páscoa, a fénix, tudo faz querer que são promessas de um lado da vida que nunca nos chega, de uma outra vida que não é a nossa.
Hoje dedico-me a uma pessoa das poucas em quem ainda valia a pena acreditar, de um coração sem fronteiras, sem preconceitos, sem limites ou conveniências.
Alguém para quem os outros foram sempre tudo e sempre seus.

Para se chegar a isto, para sermos assim, teremos mesmo que morrer e nascer de novo e, ainda assim, a probabilidade de nos cruzarmos com um outro com estas características é de tal forma improvável que acreditar numa ‘primavera’ depois tudo isto, é um trabalho impossível.

Hoje não há nem cheio nem a meio gás, há o vazio.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

She's back!

De regresso à escrita, interrogo-me sobre o que poderei escrever. Não porque não tenha ideias, mas porque são tantas, a cada dia que passa, que nem sei bem por onde começar. Ou se hei-de escrever textos grandes, pequenos ou médios. Simples e directos ou mais complicados e reflexivos. Sugestões para exercitar o pensamento ou desabafos banais e irónicos sobre o que me irrita tantas vezes.
Sem promessas de conteúdos, tamanhos ou regularidade certinha, Mme. de la Calle is back!

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Quando a escassez é muita, faz-se o que se pode com o que se tem. E se o que se tem não é muito, então vamos pelo menos tentar dar muito, para parecer mais. 

Dancei 3 músicas ontem de saltos altos, parece que bateram com um taco de baseball. Sinto músculos que achava que exercitava nas minhas horas de ginásio mas afinal estavam mortos... 

Na realidade o que sinto é que tive uma noite cheia. Não interessa o que a encheu, só que, lá está,  dada a escassez de noite, estar cheia de alguma coisa já não é mau....

Portuguese do it better!

“Portuguese expression witch means, son of a bich
Common alternative version and misspelling: fio da puta ou filho de uma puta”, in urban dictionary.

Havia tanto para dizer sobre este tema e, não necessariamente sobre alguém em particular. É uma expressão que nos é querida, a nós portugueses, de uma forma tão sentida que se torna difícil explicar a força que pode ter quando é utilizada, como sempre que falamos de assuntos do espectro dos sentimentos.
Há outras formas que são utilizadas para a suavizar como, filho da mãe, e outras para provocar exactamente o contrário como , filho de um comboio de putas.
Na verdade, sempre que esta expressão é usada, ninguém se refere à progenitora e muito menos com a intenção de a ofender mas, antes ofender de forma irrevogável o seu descendente directo, o filho.
Não entendo a ideia de ser obrigatoriamente ofensivo ser filho de uma puta mas, ser filho da puta é mau demais.
Está um tempo filho da puta, é um trabalho filho da puta, que grande filho da puta!
Algumas das formas comummente usadas para expressar ofensa sobre alguma coisa, situação ou pessoa.
Mas como este blog pretende agradar a chique, chunga e outros, não quero, assim como os meus companheiros deste espaço filho da puta, deixar aqui um ambiente menos próprio a leituras de pausa para café, ou chá, e por isso quero deixar aqui expresso que ser-se filho da puta já foi significado de glória e de génio; “Filho da Puta (14 Abril 1812 ; 25 Agosto 1835) foi um puro-sangue inglês do turfe da Grã Bretanha que ganhou nove de suas doze corridas, inclusive a "St. Leger Stakes" e a "Doncaster Cup". Ele foi pai do cavalo Birmingham que venceu em St. Leger e foi o mais importante “Leading Sire” da Gran Bretanha e Irlanda em 1828. Filho da Puta pertenceu a Sir William Maxwell de depois a T. Houldsworth.

*e em tom de nota: O nome "Filho da Puta" se originou da irritação de Sir Willian Barnett, proprietário do Haras onde nasceu o animal, o qual, quando do nascimento do potrinho, soube que fora traído pela esposa. Sir Willian vivera em Portugal e conhecia bem a língua portuguesa e, como não existe bards, deu tal nome ao futuro grande campeão.


Até nisto os portugueses tiveram um papel filho da puta.
O tema de hoje da que falar. Da que falar porque vivemos rodeados deles.
Eu vivo redeada deles pelo menos. Dela e dele.

Ela vivia na montanha ordenhando cabras para o seu leitinho matinal e queijinho artesanal, enquanto saudava com outra mao o seu idolo alemao que dizimou uns tantos aqui faz tempo. Enquanto passeava pela  montanha em direccao a casa carregando sua bilha cheia de leite fresco e gordo encontrou um mouro feio grande e escuro que lhe mostrou que havia mundo alem da Suica. Ora, deve-lhe ter mostrado que havia prazer alem do queijo tambem, no que por si so foi um acto de puro pecado.

Ele, nao contente com o seu pecado e procurando absolvicao, pegou nela e levou-a, a favor da sua vontade, para a sua terra natal. Terra essa que mais parece o inferno, nao tivesse eu experimentado ja a evolucao da tecnologia com o uso de um forno a 225 graus C, diria que os fornos Teka vinham daqui. Mas nao, que eu gosto dos fornos Teka. Ainda bem que nao. La a lavou, nao a mente que ela nao tem, mas os pes, antes de a converter na sua "nos vimos de uma sanguessuga" religiao. Ela, que descobriu que alem do queijo e do ar fresco da montanha, podia sentir o calor e teria direito a um quota parte dos bens materiais de sua excelencia, aceitou sem olhar para tras, na ideia parva de que encontraria a plenitude.

Ora, plenitude nao sei se encontrou, mas dada a sua pouca habilidade no trato com os outros, diria que se encontra bastante infeliz. Talvez seja a dura realidade de que jejuar durante 30 dias, nao so nao lhe da absolvicao dos pecados  nem felicidade absoluta, mas tambem nao lhe da aquilo que ela mais esperou, a realeza. Apenas, sim apenas isto, um grande mau feitio. E desprezo da minha parte.

E caso para dizer, que GRANDE P---!!!




Os Três da Vida Airada














Que tenho para vos contar,
Nesta quinta-feira descoroçoada?
Senão as maneiras bestiais
De Cocó, Ranheta e Facada.

Cada um diferente do outro
Estes três da vida airada
Mas logo vamos perceber,
Que de nenhum se aproveita nada.

Cocó é um cagão,
Como o próprio nome indica,
Rouba-nos tostão a tostão
O grão governador da chafarica.

Ranheta é verde,
Da avareza junta a cor,
Com patinhas de veludo
Manobra todos a seu favor.

Facada de tão aéreo
Pássaro bravo deveria ser,
Não confirma nem desmente,
Nem sabe o que anda a fazer.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Sonhos ou Fruta (fora) da Época

Começa-se por certificar que temos tempo disponível, persistência e paciência, ou seja, que a gula é mais forte do que a perspectiva maçadora de ficar horas de volta da fritadeira.

Leva-se ao lume a panela com água temperada com um pouco de manteiga, uma pitada de sal, casca de limão. Assim que a manteiga estiver derretida junta-se a farinha de uma só vez e mexe-se melhor que conseguir – um bracinho treinado de sopeira dá sempre jeito. 

Quando se consegue formar uma bola homogénea, coloca-se numa taça grande e deixa-se esfriar – como não há paciência para compassos de espera, queima-se os dedos na massa e vocifera-se uma palavra de baixo calão. Junta-se os ovos um por um, tornando o preparado numa massa viscosa, mais do que supercola, mas que pelas características nutritivas do ovo, até pode ser que faça de tratamento hidratante para as mãos.

Abre-se uma garrafa de vinho, e põe-se os cigarros à mão. Música ajuda o processo.

Chegou a hora de fritar pequenas bolas de massa em óleo bem quem, mas em lume brando. É vê-los dar cambalhotas enquanto crescem como se de crianças hiperactivas se tratasse.

E o processo dura, dura, dura. Aqui não pode haver pressa, senão ficam ou crus, ou queimados. Depois é só envolve-los numa mistura de açúcar e canela a gosto.

Perdoa-se o mal que faz, pelo bem que sabe.

terça-feira, 1 de abril de 2014

'É escusado sonhar que se bebe; quando a sede aperta, é preciso acordar para beber.'

o sonho é isso mesmo e por isso vivemos, para continuar a sonhar e esperar que ao acordar os sonhos passem a realidade...e de vez em quando, viver nessa, ou noutra, realidade.

esta noite sonhei com ratos, sonhei que tinha um rato na despensa e estava a tentar matá-lo mas, escapava sempre. como fazem todos os ratos. claro que fui rapidamente procurar o significado deste sonho visto que pouco tenho sonhado. passo muito tempo acordada...
ora, e passo a citar:

'Regra geral, os ratos representam os seus inimigos, adversários ou pessoas com quem tem algum tipo de rivalidade ou relação adversa.


1. A presença de ratos no seu sonho, ou um sonho inteiramente sobre ratos significa que os seus inimigos estão em "movimentações" para agir sobre si. Implica, portanto, problemas que se avizinham, e é altamente provável que ocorram no local de trabalho. Por arrasto, significa ainda problemas financeiros.
2. Se sonha com matar ratos, o significado é positivo: significa ultrapassar dificuldades ou mesmo sucesso financeiro.'

A principio fiquei um pouco preocupada, principalmente com a ideia de 'problemas no local de trabalho' mas, depois de constatar que caso o meu sonho implicasse chacina, tudo passaria a ser bom sinal e até quem sabe prenúncio de almejar algum sucesso. nada mau para uma noite tão mal passada!

ainda assim, não sei se vou conseguir mudar o que sinto sobre os ratos, ou sobre sonhar mas, que sonhar com ratos é bastante desagradável, ai isso é certo!

segunda-feira, 31 de março de 2014

fénix!

Cá estamos, qual Fénix Renascida.

Nestes últimos três anos descobri muito sobre os outros, sobre o que outros são sobre mim e o que eu posso ser sobre os outros, com os outros, pelos outros....mas pouco descobri do que posso ser por mim. Descobri que São Lourenço é o padroeiro dos cozinheiros, como nascem os gémeos...e vou acabar por aqui senão ainda caio no erro de parecer uma letra da Adriana Calcanhoto.

Descobri que não me posso continuar a apresentar como um pavão, que é um dos meus elementos decorativos de eleição, e antes como uma Fénix. A Fénix morre e entra em combustão para depois, das cinzas, renascer. E O QUE É QUE NÓS QUEREMOS VER? a Fénix a arder!

Descobri também que uma das coisas que destaca a Fénix de outras figuras da mitologia é a sua capacidade de carregar um peso absurdo durante o voo. Ora aí está outra característica que temos em comum. Na Fénix residem também as cinco cores sagradas; dourado, vermelho, purpura e outras...acho que vão andando por aqui, embora com este inverno, o verde predomine. Como já dizia o outro, 'o essencial é invisível aos olhos'.

Descobri também que a Fénix aparece em todas as religiões e com um significado semelhante;a perpetuação, a ressurreição, a esperança que nunca acaba...e pronto, cheguei então à parte boa da coisa que é esta ideia de 'esperança ilimitada'.

Um Flashback, Antes de Recomeçar...

Ai! Espera...Espera que está-me a dar um flashback. (...) Pronto, já passou.
Hummmm... Afinal não passaram assim tantos os anos desde o último post. Mas porquê? Por que deixei de escrever? Na altura não sabia,  mas agora vejo que era uma altura de rotura, de abrir novos mundos ao meu mundo: baralhar, partir e voltar a dar.
Sou o mesmo mas com upgrade com direito a precipícios, a mudanças, descobertas, amores, desamores… e outros assim-assim.

Giselle, Madame? Oui! Como não?

Diz-se que de 7 em 7 anos se cria um ciclo certo? Ou serão 10? 
10 não pode ser, não quero esperar mais, quero voltar onde estive. Avec mes amies, que tanta saudades tenho. Não fosse eu não estar em França emigrada começava a chamar a Jacqueline, mas infelizmente ela não está cá. Nem eu em França. Infelizmente. Aqui é mais Ahmeds...e cominhos.

Saudades. De volta. And suddenly I´m happy! Thanks!