quarta-feira, 2 de abril de 2014

Sonhos ou Fruta (fora) da Época

Começa-se por certificar que temos tempo disponível, persistência e paciência, ou seja, que a gula é mais forte do que a perspectiva maçadora de ficar horas de volta da fritadeira.

Leva-se ao lume a panela com água temperada com um pouco de manteiga, uma pitada de sal, casca de limão. Assim que a manteiga estiver derretida junta-se a farinha de uma só vez e mexe-se melhor que conseguir – um bracinho treinado de sopeira dá sempre jeito. 

Quando se consegue formar uma bola homogénea, coloca-se numa taça grande e deixa-se esfriar – como não há paciência para compassos de espera, queima-se os dedos na massa e vocifera-se uma palavra de baixo calão. Junta-se os ovos um por um, tornando o preparado numa massa viscosa, mais do que supercola, mas que pelas características nutritivas do ovo, até pode ser que faça de tratamento hidratante para as mãos.

Abre-se uma garrafa de vinho, e põe-se os cigarros à mão. Música ajuda o processo.

Chegou a hora de fritar pequenas bolas de massa em óleo bem quem, mas em lume brando. É vê-los dar cambalhotas enquanto crescem como se de crianças hiperactivas se tratasse.

E o processo dura, dura, dura. Aqui não pode haver pressa, senão ficam ou crus, ou queimados. Depois é só envolve-los numa mistura de açúcar e canela a gosto.

Perdoa-se o mal que faz, pelo bem que sabe.

1 comentário:

  1. agora fiquei com vontade...e se calhar vou ter que castigar uns ali na minha cozinha. hheheheh...a vociferar, claro!

    ResponderEliminar